O Símbolo gaúcho foi contemplado pelo Projeto Construção Cultural e viabilizado pela Lei de Incentivo e Fomento à Cultura (LIC).
Visando a preservação de um dos símbolos mais representativos da cultura do Rio Grande do Sul, a Associação Sul Riograndense da Construção Civil e o Sindicato das Indústrias da Construção Civil do Estado do Rio Grande do Sul – Sinduscon-RS – iniciarão em novembro um processo de diagnóstico para o desenvolvimento de ações para a preservação do Monumento ao Laçador.
Nesta primeira fase, será realizado um criterioso diagnóstico quanto as condições estruturais da escultura, na busca de respostas às causas desconhecidas das fissuras que afetam o monumento. Neste sentido estão sendo contratados dois dos mais renomados especialistas em restauro de obras com metal: a brasileira Virginia Costa, engenheira metalúrgica e consultora em conservação do patrimônio, que será a responsável pela coordenação de todo o trabalho prospectivo; e o francês Antoine Amarger, restaurador de esculturas metálicas, uma autoridade mundial no assunto.
Segundo a curadora da plataforma Resgate do Patrimônio Histórico do Projeto Construção Cultural, arquiteta Verônica Benedetti, a fim de melhor aproveitar a oportunidade e visando a transmissão do conhecimento dos especialistas, simultaneamente à realização das prospecções técnicas será promovido um ateliê-escola, aberto à participação de um grupo de até quinze profissionais da área, a serem selecionados em processo público organizado pela Coordenação da Memória Cultural da Secretaria Municipal da Cultura de Porto Alegre.
As ações do projeto de diagnóstico do monumento acontecerão entre novembro de 2016 e maio de 2017, compreendendo três etapas: avaliação do estado de conservação da obra; realização de testes de ensaio; e proposta de intervenção.
Para o presidente do Sinduscon-RS, Ricardo Antunes Sessegolo, além do propósito de incentivar a participação da sociedade organizada no zelo e proteção do patrimônio cultural do Estado, o projeto em específico prevê a difusão de técnicas especializadas de conservação de obras em metal, suprindo uma carência local e valorizando profissionais regionais, em futuras intervenções.
Projeto Construção Cultural
O Projeto Construção Cultural foi instituído pelo Sinduscon-RS em 2014, através de parcerias firmadas entre a Prefeitura Municipal de Porto Alegre, a Associação Sul Riograndense da Construção Civil, e desde 2015 conta com o apoio do Ministério Público do Estado do Rio Grande do Sul, e verba incentivada pelo Governo do Estado do RS, através do programa Pró Cultura – Lei de Incentivo à Cultura (LIC).
A iniciativa, que acumula três premiações (Top de Marketing da ADVB/RS -2014 e Prêmio CBIC de Responsabilidade Social e Top Cidadania ABRH-RS – 2015), já atuou na intervenção de 32 monumentos do Parque Farroupilha. Já atingindo sua terceira edição é composta por três plataformas: Resgate do Patrimônio Histórico, Sindusom Construção Cultural que, além de promover shows gratuitos à sociedade porto-alegrense, incentiva educação musical a jovens (Sindusom Júnior) e Vidas em Construção, que envolve uma série de debates, visando aprimorar e difundir conceitos sobre viver e habitar.
Já estão confirmados como patrocinadores do Projeto Construção Cultural – Etapa Laçador – Gerdau e Tintas Killing. Outros parceiros estarão sendo incorporados ao projeto.
Monumento ao Laçador
O Monumento ao laçador é a representação do gaúcho tradicionalmente pilchado. Foi definida por lei municipal como ‘Símbolo Oficial’ de Porto Alegre em 1992. Sua autoria é do escultor pelotense Antônio Caringi. Foi tombada como patrimônio histórico de Porto Alegre em 2001 e, em 2007, foi transferida de seu local original, o largo do Bombeiro, para o sítio O Laçador, em razão da construção do viaduto Leonel Brizola.
Para usar um gaúcho autêntico como modelo para a sua obra, Antônio Caringi contou com o folclorista Paixão Côrtes, então um jovem apreciador dos costumes da cultura campeira sul-rio-grandense, o qual posou para o artista com a sua coleção de indumentária gauchesca.
É feita de bronze, tem 4,45 m de altura, pesa 3,8 toneladas e fica em um pedestal de granito trapezoidal de 2,10 m de altura.
Os Especialistas
Virginia Costa – Engenheira metalúrgica e PhD em ciência dos materiais pela Technische Universitat Berlin. Professora aposentada do Departamento de Materiais / EE da UFRGS, que vem trabalhando nos últimos 15 anos como consultora internacional em conservação de bens culturais em metal. Contemplada com bolsa do ICCROM em 2009 e do Getty Museum em 2012, tem inúmeros artigos publicados e conferências em congressos, além de organizar workshops sobre o uso de técnicas eletroquímicas e metalografia para análise e conservação de ligas metálicas históricas. Atualmente é Pesquisador Visitante Senior junto ao PGDesign/UFRGS, onde desenvolve o projeto Elementos para a conservação de metais contemporâneos e está preparando um livro sobre o mesmo tema para o Getty Conservation Institute, (US).
Antoine Amarger – Restaurador de obras de arte, especialista em esculturas metálicas, diplomado pela École Boulle, em 1977, pela École National des Arts Décoratifs, em 1980, e pelo Institut de Formation des Restaurateurs d’Oeuvres d’Art, em 1989. Bolsista na Villa Médicis (1990/91) para uma pesquisa sobre o tema da conservação de esculturas de “plein air” (ao ar livre), em particular de fontes. Premiado pela SEMA, em 2004, Chevalier des Arts et Lettres. Artesão independente a partir de 1989 na França e entre 1991 e 1998, em Québec. Trabalhou para o Museu do Louvre, o Museu Picasso, o Museu Matisse, o Museu Rodin, o Museu Nacional de Arte Moderna da França; integrou a Delegação das Artes Plásticas, a Caixa Nacional dos Monumentos Históricos, do Castelo de Versailles, tendo trabalhado para as municipalidades de Paris, Montreal, São Paulo e Buenos Aires. Foi responsável pelo Atelier Arts Du Métal à l’IFROA em Saint Denis de 1996 a 2000, mestre no Institut National Du Patrimoine e na Ecole Du Louvre, trabalhou em estágios de formação profissional na França, Suíça, Brasil e Argentina.