O monumento “Gaúcho Oriental”, um presente da comunidade uruguaia, inaugurado em dezembro de 1935, como homenagem à comemoração do Centenário Farroupilha, ganhou um novo espaço. Foi transferido no dia 20 de julho, numa operação que durou cerca de 40 minutos dentro do Parque Farroupilha em Porto Alegre, das proximidades do viaduto da Avenida João Pessoa para o eixo monumental junto ao chafariz. A ação integra o Projeto Construção Cultural – Resgate do Patrimônio Histórico, uma iniciativa do Sinduscon-RS e da Associação Sul Riograndense da Construção Civil, parceiras da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, na revitalização de 32 monumentos e marcos históricos do Parque Farroupilha nos últimos dois anos. O prefeito de Porto Alegre, José Fortunati, que acompanhou a cerimônia de inauguração do novo espaço ressaltou que “O Gaúcho Oriental não saiu do Parque Farroupilha, mas agora está inserido num espaço muito mais apropriado à importância que tem para nossa cidade, o que lhe garante mais visibilidade, segurança e valorização”. Os motivos da transferência foram reiterados pelo vice-presidente das entidades promotoras da ação, Zalmir Chwartzmann. “A mudança de local, além de aumentar a visibilidade da escultura, objetiva minimizar os riscos de roubos e de vandalismo”, disse.
Estiveram presentes também no evento autoridades municipais, estaduais e representantes de entidades culturais e de empresas patrocinadoras do Projeto (Braskem, Gerdau, Melnick Even e Nex Group), entre outros convidados.
Confeccionada em tamanho real e fundida em bronze, com aproximadamente sete toneladas, a estátua foi erguida e transportada por um caminhão Munck, com capacidade de 12 toneladas, por meio de cintas, circulando por locais autorizados dentro do Parque até o novo embasamento. A coordenadora técnica das ações de revitalização, Verônica Di Benedetti, afirmou que após a transferência serão reconstituídas peças faltantes do Gaúcho Oriental, como o relho e as esporas.
O monumento Gaúcho Oriental é uma criação o artista uruguaio, Frederico Escalada, que na intenção de retratar o gaúcho de forma descontraída, recorreu a duas características marcantes: usou o chiripá, em vez da bombacha (a vestimenta mais conhecida do gaúcho estereotipado) e o “incluiu” na escultura de uma maneira peculiar — a primeira letra de seu sobrenome «e» na fivela do tirador. A obra possui uma réplica em uma praça de Montevidéu. Uma outra estátua retratando o mesmo gaúcho (modelo, indumentária, etc.), também de autoria de Escalada, localizada em praça pública de Montevidéu — “El Peón de Estancia” (cujo protótipo encontra-se no Museu Del Gaúcho y la Moneda, também em Montevidéu), na interseção das avenidas Lucas Obes e Buschental. Porém, esse último se encontra numa pose diferente: está com laço na mão, em postura de laçar (também a pé, semelhante ao Laçador de Antônio Caringi).
Projeto Construção Cultural
O Projeto Construção Cultural foi instituído pelo Sinduscon-RS em 2014, através de parcerias firmadas entre a Prefeitura Municipal de Porto Alegre, a Associação Sul Riograndense da Construção Civil, com o apoio do Ministério Público do Estado do Rio Grande do Sul, e verba incentivada pelo Governo do Estado do RS, através do programa Pró Cultura – Lei de Incentivo à Cultura (LIC).
A iniciativa, que acumula três premiações (Top de Marketing da ADVB/RS -2014 e Prêmio CBIC de Responsabilidade Social e Top Cidadania ABRH-RS – 2015), encontra-se na 3ª edição e é composta por três plataformas: Resgate do Patrimônio Histórico, Sindusom Construção Cultural que, além de promover shows gratuitos à sociedade porto-alegrense, incentiva educação musical a jovens entre 10 e 16 anos (Sindusom Júnior) e Vidas em Construção, que envolve uma série de debates, visando aprimorar e difundir conceitos sobre viver e habitar. “Trata-se de uma iniciativa de grande valor cultural, que certamente terá continuidade”, concluiu Chwartzmann.