Balanço divulgado pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) mostra queda nas vendas no 3º trimestre. Casa Verde e Amarela foi o mais afetado

 Balanço divulgado pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) mostra queda nas vendas no 3º trimestre. Casa Verde e Amarela foi o mais afetado

Segundo o estudo “Indicadores Imobiliários Nacionais do 3º trimestre de 2021”, realizado pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai Nacional), em parceria com a Brain Inteligência Estratégica, a Região Sul apresentou desempenho positivo nas vendas de 6,4% em comparação com o trimestre imediatamente anterior e com relação ao III trimestre de 2020. Porém no País a pesquisa demonstra uma inflexão do mercado no período, com uma queda de 11,2% com relação ao II trimestre deste ano e de 9,5%  na comparação com o III trimestre de 2020.

O aumento nos insumos dos materiais de construção impactou, novamente, os números do mercado imobiliário no país. O trabalho foi divulgado em coletiva de imprensa no dia 22 de novembro, com os dados coletados e analisados de 162 municípios, sendo 20 capitais, de Norte a Sul do país. Algumas cidades foram avaliadas individualmente ou dentro das respectivas regiões metropolitanas.

Já no acumulado de janeiro a setembro deste ano, as vendas no país aumentaram 22,5%, em relação ao mesmo período de 2020. Na Região Sul o aumento foi de 24,0%. Para o presidente da CBIC, José Carlos Martins, os motivos para a redução das vendas se devem a três grandes fatores: inflação, cenário político do Brasil e o aspecto do emprego. “E esses três itens têm a ver com insegurança futura”, destacou Martins, que também reforçou a preocupação com o mercado de trabalho em função da queda nas vendas.

Para o dirigente os números mostram que o mercado imobiliário vem se adequando à economia. “O emprego de hoje é a venda de ontem e a venda de hoje é o emprego de amanhã. É assim que o setor gera emprego, então se as vendas diminuíram 11% temos que ligar um sinal de atenção em relação a esse ponto”, apontou.

Lançamentos

Em relação ao 3º trimestre de 2020, todas as regiões registraram aumento nos lançamentos, com exceção da região Norte (- 25,6%). Na região Sul o incremento nos lançamentos foi de 14,4%, fcando superior a média nacional (13,6%).  Considerando os meses de janeiro a setembro deste ano, em comparação ao mesmo período do ano passado, as unidades residenciais lançadas cresceram 37,6% no País, com a Região Sul apresentando um desempenho de 12,5%, ocupando o último lugar número de lançamentos.

No acumulado de 12 meses, os lançamentos aumentaram 23% em relação ao período anterior. O Valor Geral Lançado aumentou 7,1% em comparação ao 2º trimestre de 2021. Petrucci destacou que esse é o melhor número da série histórica, “Lançamos 66 mil unidades no 3º trimestre de 2021, um pouco a mais que o mesmo trimestre de 2020, então olhando para trás é o maior número de unidades lançadas no acumulado. Lançamos 170 mil unidades, em torno de 71 bilhões de valor global de vendas”, destacou.

 

Casa Verde e Amarela

De acordo com o levantamento, a inflexão mais acentuada foi registrada no programa Casa Verde e Amarela, que sofreu queda durante o 3º trimestre, tanto nas vendas quanto nos lançamentos. Em relação ao trimestre anterior, as vendas caíram 15,3% e os lançamentos, 10,7%. Martins explicou que a queda se deu, principalmente, por dois fatores. “Primeiro, pela dúvida dos incorporadores de lançar novos empreendimentos quando ainda não havia o ajuste na curva de subsídios pelo governo federal para o programa. E pelo aumento da inflação, que diminuiu o poder de compra do público-alvo do programa de habitação de interesse social”, ressaltou.

Para o vice-presidente da área de Indústria Imobiliária da CBIC, Celso Petrucci, a resposta do governo federal para adequação do programa habitacional, com calibragem da curva de descontos e o aumento dos limites máximos de preço, deverá surtir efeito a partir do quarto trimestre de 2021. “Apesar dos números referentes à queda na intenção de compra, isso ainda não compromete a necessidade pela aquisição da casa própria”, destacou.

O estudo “Indicadores Imobiliários Nacionais” ainda analisou a participação do programa habitacional Casa Verde e Amarela (CVA) no total de unidades lançadas e vendidas em todas as regiões brasileiras. A representatividade do CVA sobre o total de lançamentos, no 3º trimestre, foi de 40%, o menor índice desde o 1º trimestre de 2019. Sobre o total de vendas, essa participação foi de 47%. No 1º trimestre, a representatividade do programa sobre o total de lançamentos era de 55,6% e sobre o total de vendas, 51,5%.

Perspectivas

Apesar da inflexão registrada no III trimestre Petrucci aponta 2020 como “o melhor ano dos nossos indicadores nacionais, tanto em lançamentos quanto vendas, mesmo a par de todos os problemas que temos enfrentado. Estamos chegando num equilíbrio entre o acumulado de lançamentos e vendas”, afirma.

Celso Petrucci, alertou, ainda que a curva de aumento de preços e do Índice Nacional da Construção Civil (INCC) indica aumento de preços nos próximos trimestres. “Se os preços dos insumos continuarem crescendo, o reflexo no aumento dos valores dos imóveis será inevitável”, concluiu.

Intenção de compra

O estudo apresentou, ainda, números sobre a intenção de compra de imóveis da população. De acordo com o levantamento, a intenção caiu 7% no 3º trimestre, em relação ao trimestre anterior e 39% dos entrevistados demonstraram interesse em adquirir um imóvel.

Entre os fatores que podem afetar a decisão de compra, a inflação foi o mais apontado, sendo destacado por 45% dos entrevistados. Para Fábio Tadeu Araújo, sócio da Brain Inteligência Estratégica, as pessoas seguem com interesse de comprar, mas diversos fatores fazem prorrogar essa intenção. “Cerca de 10% das famílias estão visitando imóveis, o que é um número muito elevado. Mas para 45% das pessoas a inflação pode postergar ou abandonar a ideia da compra da casa própria”, explicou.

Contudo, para o presidente da CBIC, apesar de os números mostrarem queda na intenção de compra, isso não compromete a necessidade pela aquisição da casa própria. “O PIB futuro vai depender do que acontecer a partir de agora. Nós não imaginamos que não vá haver uma reposição de preços com todos esses aumentos”, concluiu Martins.

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