Banco Central sinaliza retração ainda maior e acende luz amarela na construção civil

O relatório de inflação divulgado pelo Banco Central no dia 20 de setembro traz em suas projeções uma expectativa de expressiva piora da atividade do setor da construção. Em junho, no relatório anterior, a autoridade monetária previa queda de 2,1% e em apenas três meses a projeção de retração subiu para 5,2%. Com esse indicativo, o BC corrobora e aprofunda movimento já detectado por outros indicadores: a construção civil caminha no sentido inverso do PIB nacional. Empresas pequenas e médias, que formam a maioria do setor, não têm conseguido acompanhar a tendência de recuperação observada nos demais setores da indústria. “Vivemos um momento de profunda fragilidade, nossas empresas estão no limite da sobrevivência e é preciso reverter isso”, afirma José Carlos Martins, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).

Mantida a tendência de retração da indústria da construção, não apenas um número maior de brasileiros não terá acesso à moradia, mas também a estradas, escolas, hospitais, alguns dos muitos produtos do setor. O efeito mais perverso, entretanto, é uma potencial queda de 13% no estoque de trabalhadores em 2017, com o fechamento de mais de 320 mil vagas. Setor com capacidade para rápida geração de emprego e renda, e cuja cadeia produtiva representa 8,32% do PIB, a construção vem fechando postos de trabalho em todo o país.

Seu desempenho negativo já impede um avanço positivo mais consistente da economia como um todo – na prática, confirmada a expectativa do BC, os demais setores terão de alavancar o próprio desempenho em mais 0,54% para impedir nova retração no Produto Interno Bruto nacional. O quadro crítico registrado no setor tem sido agravado por dificuldades de acesso ao crédito e ao financiamento, que poderá piorar ainda mais o cenário setorial e dificultar um crescimento verdadeiramente sustentável.

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