É hora da construção civil repensar conceitos de produtividade
Um choque de realidade. Resumidamente esse foi o principal impacto da pandemia no setor da construção civil. Ao participar da Live do Sinduscon-RS “Inovação, produtividade e desempenho na Construção Civil em Tempos de crise”, realizada no dia 2 de junho, o Sennior partner da Urbic_Inc, Luiz Henrique Ceotto, abordou os efeitos da COVID-19 nos canteiros de obras no Brasil. Segundo ele, empresas brasileira sérias, quando demandadas, mostraram eficiência com a construção de um hospital em 30 dias”, o que demonstra a capacidade de melhoria da produtividade no setor, hoje ainda baseada na cultura de produto de ciclo longo”. O consultor e empresário afirmou que o setor culturalmente nunca tratou a questão “tempo”, um recurso não renovável, com o devido valor. Os motivos são históricos e em grande parte externos: burocracia desnecessária, prazos por vezes absurdos para aprovação de projetos enfim, o alto custo Brasil.
O diretor da Cyrela Goldszein, Gustavo Navarro, apresentou números que servem de amostra quanto aos impactos da Pandemia nos canteiros de obras. Em Porto Alegre foram 27 dias de paralisação por Decreto Municipal, a contar de 25 de março. Mas na prática foram 37 dias, quando contabilizado os dias de planejamento do retorno, com atendimento às restrições legais. Entre estas, a que mais foi sentida foi a referente a “redução de jornada de trabalho” e gestão de mão de obra própria e terceirizadas, em conformidade às diretrizes das medidas provisórias. Em números de obras, a redução na jornada de trabalho foi de 30% nos canteiros da empresa em Porto Alegre, impactando a produtividade com uma queda de 38%. Os cronogramas bem feitos e sem “gorduras” foram impactados em torno de um mês.
A diretora da NGI, Maria Angelica Covelo, alertou sobre os impactos das mudanças no comportamento do cliente de imóveis diante da Pandemia. “Teremos que repensar a construção de unidades para além do conceito residencial, adaptadas a necessidade de espaço para home office, por exemplo. destacou que a Norma de Desempenho vem sendo estudada há 20 anos. Sua última alteração ocorreu em 2013. No Brasil, seus requisitos não são complexos, mas coerentes. Porém, preconceitos ainda “restringem seu total conhecimento pelo mercado”, salienta. Novas necessidades a partir da crise poderão exigir alterações na Norma, mas tudo dependerá de estudos.
O presidente do Sinduscon-RS, Aquiles Dal Molin Junior, afirmou que a entidade está atenta às mudanças no comportamento do consumidor do mercado imobiliário. “Pesquisas de tendências devem orientar a concepção de novos produtos”.
O vice-presidente da Tecnisa, Fabio Villas Bôas, destacou como positiva no atual momento a aproximação entre as empresas do mercado no enfrentamento deste momento excepcional. Ressaltou o esforço colaborativo para soluções de gargalos financeiros, legais, econômicos e técnicos, questões que interferem no desempenho do setor. Afirmou que pesquisas de mercado comprovam perspectivas animadoras. “A construção civil tem um papel importante na retomada da economia. “Nossa cadeia produtiva é extensa e geradora de emprego em grande escala; trabalha com o imóvel, um investimento seguro e atrativo em períodos de crise”, reforçou. Acompanhe a Live no Canal do Sinduscon-RS.