Economia do RS sente os efeitos da crise climática e receiam agravamento da situação com as tensões geopolíticas

Na reunião almoço promovida pelo Sinduscon-RS nesta segunda-feira (21/07), os economistas Marcelo Ayub e Caroline Puchale, da equipe do Sistema FIERGS, apresentaram um panorama das perspectivas econômicas em meio a um cenário global marcado por tensões geopolíticas, crise climática e instabilidade econômica.
O destaque do encontro foi o impacto da retomada das tarifas comerciais pelos Estados Unidos, especialmente sobre produtos brasileiros, que deve provocar uma queda de 0,16% no PIB nacional e a perda de aproximadamente 110 mil empregos. O Rio Grande do Sul figura como o segundo estado brasileiro mais afetado, com perda estimada de R$ 1,9 bilhão, atrás apenas de São Paulo, que deve registrar impacto de R$ 4,5 bilhões. “As sanções tarifárias ao Brasil têm motivação política, o que dificulta previsões sobre possíveis recuos”, explicou Marcelo Ayub. “É um cenário que exige habilidade diplomática para que o Brasil conduza negociações que protejam sua indústria e suas exportações”, destaca.
Ajuste fiscal e juros elevados
No âmbito nacional, a economista Caroline Puchale apontou o desajuste fiscal como um dos principais entraves ao crescimento sustentado. Mesmo antes da atual crise internacional, a combinação de inflação elevada, juros altos (com a Selic projetada em 15% para 2025) e medidas tributárias controversas, como o aumento e a posterior revisão do IOF, já pressionava a economia. “Nosso problema é estrutural. A rigidez orçamentária e a ausência de reformas como a administrativa agravam o desequilíbrio fiscal. Isso afeta diretamente a previsibilidade e o ambiente de negócios”, alertou Puchale.
Pedido de apoio aos setores produtivos
Durante o evento, o presidente do Sinduscon-RS, Claudio Teitelbaum, defendeu que o governo federal adote medidas emergenciais para apoiar os setores mais afetados pela atual conjuntura internacional, a exemplo do que foi feito durante a pandemia. “É preciso considerar a redução de impostos, a desoneração da folha e incentivos direcionados às empresas exportadoras e à indústria da construção, que está na linha de frente da recuperação econômica e social do Estado”, afirmou.
Construção civil: vetor da retomada
Apesar das incertezas, o PIB brasileiro cresceu 3,4% em 2024, impulsionado pela alta da renda das famílias e pela queda no desemprego. A expectativa para 2025, no entanto, é de desaceleração, com projeção de crescimento de 2,1%.
No caso do Rio Grande do Sul, a situação é agravada pelos efeitos da crise climática. A atividade econômica estadual teve desempenho inferior ao nacional, especialmente no setor industrial. Por outro lado, a construção civil se destacou, com crescimento de 4,1% no primeiro trimestre de 2025.
Segundo os economistas, a atividade surge como um dos principais motores da retomada, com demandas crescentes por habitação, infraestrutura e reconstrução urbana, impulsionando tanto iniciativas públicas quanto privadas.
Perspectivas e riscos
Em um cenário de inflação sob controle, queda gradual dos juros e pacotes de estímulo por parte do governo, o ambiente pode se tornar mais favorável à retomada. No entanto, a valorização do dólar e uma eventual aceleração da inflação acima da meta podem retardar os cortes da Taxa Selic.
O presidente do Sinduscon-RS reforçou que, para a construção civil cumprir seu papel estratégico na retomada da economia, é essencial um ambiente institucional estável e políticas públicas que assegurem previsibilidade e segurança jurídica. “A construção pode liderar a recuperação, desde que existam condições adequadas para o investimento e o crescimento sustentado”, concluiu Teitelbaum.
Ao final do encontro, os economistas alertaram para projeções de crescimento desigual entre regiões, baixa demanda por financiamento imobiliário e entraves persistentes na indústria gaúcha, como a falta de trabalhadores qualificados e o alto custo de produção.
Arrecadação de alimentos
No evento foram arrecadados alimentos mais de 50kg de alimentos, que se somaram aos 84 litros de leite e cerca de 330 kg já doados por meio da parceria com a Fundação Gaúcha dos Bancos Sociais e Rede de Bancos de Alimentos do RS.
Este evento contou com o Banrisul, Gerdau, Tintas Killing e Sulgás como patrocinadores master; a Caixa – Governo Federal Brasil como patrocinador prata e com a parceria da Fundação Gaúcha dos Bancos Sociais e Rede de Bancos de Alimentos do RS. O apoio foi do Sistema FIERGS.
Apresentação do Sistema FIERGS