Venda de imóveis sobe 19,2% em 2018, mas contratos do MCMV preocupam setor
Em 2018, a Região Sul apresentou queda nos lançamentos de 6,1% e um incremento de 4,4% nas vendas
O Brasil teve um crescimento de 19,2% na venda de imóveis novos em 2018, com 120.142 unidades negociadas, além de 3,1% a mais nos lançamentos, totalizando 98.562 unidades lançadas. O dado faz parte do estudo ‘Indicadores Imobiliários Nacionais’, divulgado no dia 25 de fevereiro, em São Paulo (SP), com números do último trimestre do ano passado. “Este é o melhor trimestre da nossa série histórica. Mas nos preocupa a queda de mais de 80% nas contratações do programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) – passando de 78 mil em janeiro de 2018 para 14 mil em janeiro de 2019, por diversos fatores”, afirmou José Carlos Martins, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).
É a CBIC que coordena a pesquisa, por meio da sua Comissão de Indústria Imobiliária (CII), em correalização com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai Nacional), desde 2016, com divulgação a partir de março de 2017. O levantamento é realizado em 80 municípios do país, que representam um terço da população e 41% do PIB nacional, com as principais cidades brasileiras e suas regiões metropolitanas.
Além do acumulado do ano passado, ele também destaca os resultados de outubro, novembro e dezembro:
Os lançamentos apresentaram um aumento de 45,1% em relação ao trimestre anterior, no entanto houve uma queda de 9,0% em relação ao mesmo trimestre de 2017.
As vendas cresceram 23,3% em relação ao trimestre anterior, e tiveram um aumento de 4,4% em relação ao mesmo trimestre de 2017.
A oferta final apresentou um pequeno aumento, de 0,4% em relação ao trimestre anterior, e uma queda de 10,8% em relação ao mesmo trimestre de 2017.
Diante dos dados, Martins enfatizou o seu otimismo com relação ao mercado imobiliário. “Em 2018 os financiamentos com a poupança subiram 33% e os financiamento com FGTS cresceram 10%. São números que nos permitem inferir um crescimento muito bom, mas para voltarmos a índices de 2014 ainda é necessário que o país crie uma série de situações para destravar o investimento, principalmente na parte de concessão de crédito para as empresas menores, que ficaram muito fragilizadas com esse período de crise”, pontuou o presidente.
Segundo o consultor da CBIC Fábio Tadeu Araújo, 2018 apresentou um aumento muito intenso das vendas, em relação aos lançamentos, impactando o estoque de imóveis novos. “Tivemos 21.580 unidades vendidas a mais do que as unidades que entraram no mercado, reduzindo, portanto, a oferta. Para comparar, em 2017, foram apenas 5.221 unidades vendidas a mais do que lançadas”, informou.
Para Martins, havia 13 meses de estoque e no final de 2018, o número diminuiu para 11 meses, o que é considerado baixo. “Como o ciclo de construção de um imóvel dura pelo menos 18 meses, isso significa que, em média, você vende todo um empreendimento em menos tempo do que leva para produzi-lo. Então tememos que, no futuro, a diminuição de oferta se torne mais significativa. Essa é uma realidade que começa a nos preocupar para o futuro em termos de falta de produtos na sequência”, analisou.
Minha Casa, Minha Vida
Outro aspecto que José Carlos Martins apontou durante a coletiva à imprensa é o programa Minha Casa, Minha Vida, que hoje representa a produção e a demanda de 2/3 do mercado imobiliário nacional.
“Nossa pesquisa detecta que 52% dos lançamentos do quarto trimestre de 2018 foram do programa, considerando as capitais e as regiões metropolitanas, mas quando a gente chega nas cidades menores essa participação chega a 75%. Então, como Brasil, nós temos dois terços do mercado com utilização do FGTS para a habitação”, definiu o dirigente.
Esse raciocínio, conforme explica o presidente da CBIC, eleva o grau de preocupação para os empresários do setor. “Em janeiro de 2019 nós tivemos, comparando com janeiro de 2018, uma queda de contratação do Minha Casa, Minha Vida da ordem de 80 por uma série de fatores, que fazem parte de transição de governo e coisas desse tipo. Mas nos preocupa como isso ficará na sequência e temos sinalizações de que isso será resolvido”, alerta.
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